Tive um sonho bom.
Não, não é nada do que possam maliciosamente imaginar meus improváveis leitores.
Ando numa fase e numa idade que qualquer “olá” que recebo já me soa como a mais linda canção de afeto e amizade.
Mesmo assim, insisto.
A trama do sonho revelou a cumplicidade que, é certo, temos (eu e ela) apesar da distância que nos separa.
Bem verdade que tomamos cuidados para não assumi-la publicamente.
Ela, porque é por natureza nobre, silenciosa e – vá lá! – enigmática.
Eu, porque não saberia explicar todo esse envolvimento sem parecer, digamos, piegas.
Detesto que me vejam como o sentimentalóide que sou – e não há como disfarçar.
…
Sei bem que uma relação desse porte, com tantas e tamanhas diferenças que há entre o cá e o lá, não seria de fácil assimilação aos olhos dos comuns.
De qualquer forma, acordei feliz – e é o que me basta.
Não me venham com história de que tudo não passou delírios pictóricos, ilusão e cousa e lousa.
Ela estava tão gentil ao me receber.
Diria que, ao lembrar aquele vago caminhar pelas alamedas, pude lhe perceber um sorriso de entrega, sabe aquele? Então…
Talvez fosse a voz do vento que me encorajou seguir adiante.
Talvez fosse a sensação de que (vá lá!) nos conhecemos desde sempre.
Talvez de outras vidas. Por que não?
A bem da verdade, sei pouco da sua história.
Fala de reis e rainhas apaixonados, recanto de amores possíveis ou não, com o mar sempre por perto em seu extraordinário fascínio.
A tantos e tantos bastou o primeiro olhar para se sentirem cativos, entregues. Impulsivamente românticos.
Eu, inclusive.
…
Não lembro como o sonho começou (a gente nunca lembra de como os sonhos se iniciam, reparem). Menos ainda como terminou – e se terminou.
Desconfio que passarei o dia neste devaneio, mesmo de olhos bem abertos.
Visitei a VILA DE ÓBIDOS, em Portugal, há muitos anos. Tantos e tantos…
Desde então ela (a cidade) não se deixa esquecer como uma ideia que existe na cabeça – e não tem a menor pretensão de acontecer… Ou tem?
Revê-la seria mesmo a realização de um sonho tão belo quanto singelo.
(Pena que seja só uma pobre rima – e não uma solução!)
…
…
* Baseado no texto originalmente publicado em 03/02/2013
O que você acha?