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Assim é se lhe parece…

01. Ainda nesta semana fui mediador de um debate entre candidatos a vereador de São Bernardo a convite de um grupo de alunos da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo. Confesso que, em princípio, não me entusiasmei com o compromisso até porque, nos últimos anos os debates entre candidatos virou mais uma sessão de pegadinhas entre rivais do que propriamente um esclarecedor — e respeitoso — desfilar de opiniões e ideais em prol do bem comum.

02. Mesmo assim, topei até por se tratar de uma iniciativa dos alunos e devemos sempre incentivá-los à busca de uma consciência política e cidadã do que propriamente pelo debate em si. Seis candidatos de partidos distintos, com plataforma eleitoral voltada para os jovens, participaram do encontro, de resto pródigo em ataques, denúncias e críticas aos governos das três esferas — municipal, estadual e federal. Poucas propostas verossíveis foram apresentadas nas mais de duas horas de pronunciamentos.

03. Próximo ao fim do debate, olhei atentamente para o auditório e percebi muitas poltronas vazias. Os estudantes haviam se retirado e a platéia era formada quase que exclusivamente de cabos eleitorais. Enquanto isso, os candidatos continuavam com pronunciamentos acalorados como se falassem verdades absolutas para uma multidão ávida por definir-se em quem votar.

04. Entre um conclua, por favor e outro seu tempo está esgotado, lembrei de uma cena que presenciei duas ou três eleições atrás. Um candidato a deputado federal, desses pára-quedistas que aparecem de quando em quando, inaugurou um comitê eleitoral numa loja de 4 metros por 4 da rua Silva Bueno, próximo a um ponto de ônibus. Até às 20 horas, além de meia-dúzia de correligionários e do próprio candidato, não apareceu mais ninguém. Nem o pessoal que esperava a condução se animava a entrar na lojinha travestida de escritório político, com as paredes cobertas de cartazes do futuro legislador.

05. Quando chegou a reportagem de GI, o constrangimento aumentou ainda mais. Deu 20h30 e nada de nada, O comitê continuava vazio. Foi quando um dos senhores desapareceu para instantes depois retornar com um engradado de cerveja. Ao microfone, anunciou que o deputado fulano de tal estava inaugurando o local com uma grande festa. Estavam sendo esperadas mais de 400 pessoas e o coquetel já estava começando…

06. Tais argumentos foram suficientes para algumas pessoas que passavam pela Silva Bueno e outras que estavam no ponto. Meio assim sem querer, foram se chegando, copinho na mão, olho grande na espuma… Mais do que depressa, o deputado percebeu que era sua deixa. Subiu num dos engradados, microfone na mão e rasgou o verbo: Povo amigo do Ipiranga, sinto-me honrado em estar na terra onde D. Pedro proclamou a Independência do Brasil e falar para magnífica parcela desta altaneira população… Enquanto isso, o entra e sai era constante — e o pessoal só na cervejinha…