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Cidadania é participação. E coragem para mudar

"Há muitas razões para duvidar, e uma só para crer." (Carlos Drummond de Andrade)

01. A ipiranguista Elaine Rodrigues ocupa atualmente a vice-presidência do Centro de Estudos Tributários e Empresariais. Trata-se, a bem da verdade, de uma entidade voltada para a pesquisa cietífica e organização de eventos jurídicos, com enfoque prioritário no desenvolvimento da cidadania. Recentemente, aliás, o Centro realizou um seminário sobre a questão "A Ética na Política" que reuniu, no auditório da Assembléia Legislativa, personalidades de diversas correntes políticas e ideológicas. O encontro revelou-se, aliás, bastante rico em idéias e projeções para um novo Brasil que — às vezes me ponho a duvidar se é mesmo possível — precisa encarar o desafio do Terceiro Milênio com coragem, determinação e considerável dose de esperança.

02. Desse seminário, tomo a liberdade de pinçar uma das declarações do deputado federal Alberto Mourão. Ele foi de uma precisão cirúrgica ao afirmar:
A ética vem primeiro que o Estado. É uma virtude contida numa ação que guarde o interesse coletivo. É hora de se rever o conceitoegoísta de Estado, de se rever o Legislativo, que só vota pelos interesses pessoais ou por determinação partidária. Governo não é o governante. É a sociedade.

03. Concordo em gênero, número e grau. Isto é ética. Isto é cidadania. Assim como a iniciativa de Elaine e da presidente do CETE, Maria Cristina Neubern, ao fundar uma entidade que debate temas sociais, é uma forma concreta de vivenciar o novo país que todos nós almejamos, e que certamente não pode ficar à mercê daqueles que nos governam e suas mesquinhas estrepolias. A sociedade consciente precisa se organizar e criar, sim, instrumentos de fiscalização e controle daqueles que ocupam essa entidade magnânima chamada Poder, a quem os neoliberais tanto se curvam e exploram.

04. Vale pensar: qual seria a reação e uma população organizada em episódios recentes da vida pública nacional? Tomemos como exemplo esse ruidoso capítulo das privatizações, onde prefiro não meter minha colher de pau. Três episódios reveladores: os apagões no Rio, o colapso na telefonia e os 130 por cento de aumento na tarifa dos pedágios depois que as estradas passaram para a rede privada. O Governo, quando era responsável por esses serviços, não dava conta de atendê-los com presteza. Agora, como agente fiscalizador, não dá conta fazê-los funcionar. E nós, bem, nós continuamos a pagar a conta.

05. Vale refletir sobre outro momento recente: a greve dos caminhoneiros que quase parou o País, sem que o Governo se desse conta do que realmente estava acontecendo. Uma categoria que se organizou, usou a tecnologia de que dispunha (rádio amador e celulares) e muita coragem para mudar o rumo da História que lhe era inteiramente desfavorável. Não vamos entrar no mérito do movimento, mas ficou claro. É perda de tempo ficar a espera de que os instáveis ventos do acaso transformem o sonho em realidade. O rumo de nossas vidas está em nossas mãos. Queiramos ou não.