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Crônicas de Viagens – Zurique

Foto: Arquivo Pessoal

57 – A minha teimosia

Descemos em ZURIQUE quando passavam poucos minutos das seis da manhã, hora local.

Teríamos que esperar mais três horas e meia até pegarmos o voo que nos levaria a Paris, nosso  destino.

Constatação fria para um dia que se prenunciava frio-frio, mas bom.

Todo período de férias quando se inicia traz um inspiradores presságios – e este não era diferente naquele já distante 26 de dezembro.

(*foto: viator)

Como de costume nessas ocasiões, veríamos o passar dos minutos nos saguões do moderno aeroporto com paredes de vidros. Brinquei que viveríamos aquelas horas como se estivéssemos num imenso e confortável aquário.

Tal e qual peixes ornamentais, ficaríamos a girar na inevitável rotina das caminhadas a esmo.

Olha-se uma vitrine aqui, outra ali nas lojas especializadas para atender aos turistas. Os relógios e os diversos tipos de chocolate — com aquela cruz vermelha atarracada, que é o símbolo da Suíça – são os destaques.

Entre um rodar e outro, lógico que paramos para o imprescindível café servido em xícaras grandes e amarelas.

Como lembro da cor das xícaras depois de tanto tempo?

Recuerdos apenas recuerdos de um instante frugalmente feliz!

Fizemos uma viagem tranquila, mas demorada. Foram quase 12 horas de São Paulo até aqui. Dormir mesmo, não dormi. Tirei vários cochilos. Mas, por breves minutos.

Acordava naquela Babel de sons, vozes e idiomas.

Lembro uma cena que me chamou atenção.

Um menino italiano – se tinha seis anos era muito – tenta se comunicar com outro garoto não-italiano, da mesma idade.

Provavelmente, a dupla se conheceu no avião e, parece óbvio, tem o mesmo destino: Itália.

“Papa. Pa-pa… Mama. Ma-ma… Calcio. Cal-cio… Machina. Ma-chi-na… Tu sei? Capicce?”

O outro sorri encabulado, balbucia alguns sons dispersos; mas, ao que parece, se entendem.

E sorriem felizes.

Bela lição de fraternidade no primeiro dia daquelas já longínquas férias – que hoje dei de lembrar por algum insondável motivo.

Talvez porque – apesar do buraco negro e da infindável espera – ainda teimo e acredito no futuro.

E em nós!

* Baseado em texto originalmente publicado em 22 de abril de 2007

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