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Então, o advérbio…

Foto: Arquivo Pessoal
— Então?

— Então!

— Então.

— Então…

Então, pergunta sem enunciado.

Então, exclamação sem ênfase.

Então, resposta sem explicações.

Então, reticências que deixa tudo como está, tudo por dizer.

Então, no dicionário, é advérbio e se traduz em:

a) nesse ou naquele momento.

— Então, professor, sabe o trabalho que eu devia entregar hoje? Então, eu não fiz….

b) nesse caso.

— Não há mais ingressos para assistir ao filme que queríamos ver. Então, vamos embora…

c) serve para animar e denota espanto.

— E então, compadre, ficamos a sós: ela, eu e o mar!

d) tempo passado, época, antanho.

— As festas de então eram bem mais animadas.

Então, então, então…

A segunda amanheceu cinzenta, lívida.

Em nada prenunciava o dia de sol ameno que então se fez, mesmo que persistisse o friozinho.

Juntei a falta de vontade com os desafios da semana que se inicia – e nada de entabular um tema para o post de hoje.

Parece que perdi o passo.

Que escapou entre os dedos.

Zuou a mente e o coração.

Estava quase lá, e então…

Julho, mês de férias e tal e qual e se vai…

Antes mesmo do primeiro bom-dia, ouvi o primeiro então – e comecei a ficar encafifado:

— Então, você não está com saudade de viajar?

Não soube dizer.

Aliás, é uma constante nos dias atuais: nunca sei se sei ou não sei. Depende. Sempre depende.

— Então, cara, não sei – respondi sem responder.

Entrei na internet e, então, busquei as notícias do dia. Quem sabe uma luz. Ando apressado, mesmo sem sair do lugar. Houve um tempo que folheamos os jornais de hoje com as notícias de ontem.

Pouco mudou, então.

Notícias enguiçadas. As mesmas de sempre.

Nada de novo, então.

A sociedade onde tudo acontece virtualmente. Do imediatismo da informação. Do descontrole. Do minuto a minuto – e eu, no oco do mundo, nada tenho a declarar.

Nada que me motive umas modestas linhas, que seja…

E então?

Não sei. Ficamos assim.

Para quem não tem nada a dizer, até que já escrevi demais…

Ficamos assim, então.

Ninguém me procura.

Também não encontro ninguém.

E vida que segue, embora pareça não sair do lugar.

Amanhã, a gente volta, então.

Mais inspirado ou menos disperso.

Fica só o registro de quão curiosa é a palavra então.

Não diz nada, mas está em todas.

Ou quase.

Como a nossa quase-crônica de hoje.

Sem enunciado, sem explicações, sem ênfase. Que deixa tudo como está, tudo por dizer…

E, então, você ainda me lê?

*Texto postado originalmente em julho de 2007. Fiz alguns ajustes para minimamente atualizá-lo. Estranha e assustadoramente, achei tão atual… Fiz a postagem, então…

Temperei com uma preciosidade do You Tube, a Zazueira original benjorniana…

Ainda nenhum comentário.

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