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Escova e o Gighetto

Vou chamá-lo de Olegário, ok?

Mas, não tenho certeza se este era o nome do senhor que vendia bilhetes de loteria entre os restaurantes da rua Avanhandava. Regra geral, ele oferecia a sorte grande aos frequentadores do local. Seu ponto de referência era mesmo o antigo Gigheto, de tantas histórias e tradição..

Até aí nenhuma grande novidade.

Acontece que o próprio Olegário me contou, certa vez, quando andava por lá com uns amigos, do esquema que um dos nossos pares, o Escova, havia acertado com ele na maior cara dura.

Seguinte.

Olegário ganhava uma graúda gorjeta toda vez que o tal Escova (que vocês e eu bem conhecemos) ali chegasse acompanhado de uma nova conquista. O vendedor de bilhete só deveria interpelá-lo após o jantar – e sempre com a mesma pergunta (óbvio que deveria fazer de conta que não o conhecia):

– Moço, compra o bilhete da sorte grande…

No ato, Escova lhe diria, apertando em seus braços a moça da vez, que, naquele exato, momento ele já estava agarrado à sorte grande, à mulher da sua vida.
Pela expressão de encantamento das “princesas”, parece que o golpe funcionava perfeitamente.

Depois em outra noite qualquer, quando Escova circulava por ali com a turma de amigos, havia o acerto e riam a valer.

Passava uma ou duas semanas, lá vinha o Escova com outra vítima.

(…)

Leio nos jornais da semana que o Gighetto mudou-se da Avanhadava em 2013. Foi para uma rua do Bixiga e agora ao que tudo indica cerrou suas portas definitivamente, Fico com a sensação de que, em breve, não restará pedra sobre pedra da São Paulo que conheci nos meus tempos de moço.

Não sei se o Olegário continua na ativa com os bilhetes e os conquistadores de plantão. Sei, sim, que o amigo Escova vai ficar muito triste quando souber dessa história do fim de um dos pontos de encontros mais luminosos de artistas, intelectuais e boêmios de São Paulo.