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Inversão de valores

01. Completou um ano nesta terça-feira (17) o incêndio na favela do Heliópolis que matou quatro pessoas e deixou ao desamparo nada menos do que 342 famílias. Próximo ao local da tragédia, um ato ecumênico lembrou a data e a desolação dos desabrigados que, desalentadoramente, esperam as providências anunciadas, àquela época, pela Prefeitura. Ainda hoje esses brasileiros de São Paulo ainda vivem em contêineres e alojamentos, sem qualquer infra-estrutura. Os curtos-circuitos são comuns e não há sequer esgoto encanado. Para lembrar nossas autoridades de suas promessas, fizeram o protesto pacífico e ordeiro. Não interromperam o trânsito, não desrespeitaram ninguém e, com dignidade, deram um belo exemplo de cidadania. Que as suas vozes sejam ouvidas por quem de direito e o problema, que acaba sendo de todos nós, tenha uma breve solução…

02. Na ocasião — e até por estarmos num ano de eleições municipais –, técnicos da Prefeitura prometeram que, em seis meses, estariam concluídas as obras de dois prédios Cingapura para abrigar as famílias. Inclusive moradores próximos ao local chegaram a ser removidos para que fossem construídas as moradias populares. Até o momento, nada foi feito. E o próprio diretor-técnico da Cohab, Nino Bottini, admite o atraso das obras e renova parcialmente a promessa. Ainda em junho, dois blocos com 88 apartamentos vão estar terminados e serão entregues aos desabrigados. Esperamos que nossas autoridades não façam festa, nem soltem rojão apenas por estar cumprindo (com lamentável atraso) o que é sua obrigação…

03. Aliás, essa inversão de valores parece ser prática comum de nossos homens públicos. Veja, amigo leitor, o caso de nossos ilustres congressistas. Desde o início de seus mandatos andam enredados com a questão das reformas. É um vai-não-vai sem fim, uma lengua-lengua de esgarçar a paciência do mais santo dos homens. Todos fazem que querem para agradar o Governo FHC, que tem sido bastante generoso à sua base de apoio. Mas, temem a repercussão popular (e por conseqüência eleitoral) de algumas dessas medidas junto aos seus redutos. Por isso, embaçam, faltam às sessões, futricam e nada resolvem. O País pára e todos nós saímos perdendo com essa estagnação de ideais e propósitos…

04. Curioso. Quando se aproxima o chamado recesso parlamentar, os líderes das Casas (Câmara Federal e Senado) logo propõem um trabalho extra neste período para apressar o andamento de projetos e emendas. Um tour de force de nossos "abnegados" parlamentares para recolocar o País nos trilhos. Seria algo para nos deixar sensibilizado, não fosse a modesta ajuda de custo que vão receber por esses dias — 16 mil reais. O que vai onerar os cofres da União em aproximadamente 9 milhões de reais. Dá pra entender? Vamos premiar (nós, porque essa dinheirama sai do bolso do contribuinte) aqueles que nada fizeram nesse primeiro semestre e que, de agosto em diante, já vão legislar de olho no ano eleitoral de 98. Afinal, reeleição é ou não é o termo da moda…