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Nara, Elis, Elza…

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Ilustração a partir de fotos de divulgação.

Três nomes luminares da música popular – e do Brasil. Aquele que, um dia, inspirado em tamanhos talentos, almejou ser o tal país do futuro.

Nara Leão, Elis Regina e Elza Soares retornaram ao noticiário em janeiro. Por motivos tristes e saudosamente distintos.

E eu ausente do Blog.

Até pensei em fazer uma breve aparição por aqui. Preferi, no entanto, reuni-las num só texto como hoje faço.

Mais um a engrossar a nostálgica série Recordações de um velho repórter.

ELIS

No dia 19 de janeiro deste ano, completaram-se 40 anos da morte de Elis.

Eu a entrevistei algumas vezes. Sempre em coletivas de Imprensa.

Apenas uma vez pude entrevistá-la a sós nos bastidores do Teatro Tupi, na avenida Brigadeiro.

Ela se preparava para entrar em cena no espetáculo Transversal do Tempo, outro de seus grandes sucessos de crítica e público.

Foi de um a generosidade ímpar.

Falou de sua carreira, da amizade com Jair Rodrigues (“deveria ser o cantor mais popular do Brasil”), da aparição de novos compositores (Belchior, João Bosco, Aldir Blanc, Ivan Lins, Renato Teixeira, Paulinho da Viola, entre outros), da admiração por Milton Nascimento, da indignação diante dos malfeitos da ditadura militar, do compromisso com o canto e a arte, entre outras verdades pessoais que defendia com convicção e impactante brilho no olhar.

Saí de lá certo de que era nossa melhor cantora.

Leia aqui: Minha Melhor Reportagem

ELZA

A cantora carioca morreu em 20 de janeiro. Aos 91 anos.

Eu a entrevistei apenas uma vez.

A bem da verdade, sequer consegui lhe fazer uma pergunta naquela tumultuada coletiva no saguão de um hotel, no centro de São Paulo.

Elza havia se indisposto com a gravadora Odeon – e partiu, por conta e risco, para modesta Tapecar.

Uma pitadinha histórica.

Estávamos em meados dos anos 70.

A partir do esplêndido sucesso de Clara Nunes, outras tantas cantoras/sambistas também foram convocadas para aproveitar o bom momento do nosso gênero mais popular.

Clara era da Odeon, Beth Carvalho, da RCA Victor e a novata Alcione, da Odeon.

Não lembro se os repórteres insistiram demais em enquadrar Elza nessa faixa – e ela não gostou. Ou se Elza – que, diga-se, sempre fez uma carreira longe de rótulos e modismos – estava mais preocupada com questões, digamos, mais existenciais.

De certa forma, ela vivia à margem da mídia e sua agenda de shows não era assim tão promissora.

Ela respondeu as perguntas mecanicamente.

Me pareceu focada em sair dali rapidamente- e tocar a vida.

Ganhar o sacrossanto pão nosso de cada dia,

Tive a impressão (que até hoje persiste) de uma artista única, sofrida, batalhadora e admirável.

Leia aqui: Elza, sempre presente

NARA

Nara Leão faria 80 anos neste 19 de janeiro de 2022.

Nunca a entrevistei.

Um vacilo imperdoável na minha trôpega carreira de repórter.

Sou fanzaço desde os tempos de “A Banda” no Festival da Record.

Acho uma bobagem a polêmica sobre a música que Chico fez a seu pedido: “Com Açúcar e com afeto”.

Coisas desses tempos irascíveis.

Nara morreu em 1989, aos 47 anos.

Tem dias que fico imaginando qual pergunta lhe faria.

Nunca cheguei a qualquer conclusão.

A musa sempre me disse tudo em seu infinito cantar.

Leia aqui: Nara, a inesquecível

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