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New York, New York

O Ismael voltou de Nova York radiante.

Dizia a todos nós, os habitantes chinfrins da velha redação de piso assoalhado, que ali palpitava o coração do planeta.

— Quem nunca andou pela Time Square não pode dizer que viveu.

Éramos repórteres em início de carreira – salvo o Nasci e um tantinho o AC – e olhe, para ser sincero, nem imaginávamos que existisse vida além dos limites do Ipiranga quatrocentão.

Uns mais, outro menos, todos nos gabávamos da nossa condição de suburbanos.

Não tínhamos ambições maiores do que fazer um jornal combativo, além de alguns trocados para pagar nossas contas no fim do mês.

O Ismael era diferente. Queria mais, muito mais.

E merecia. Na sua santa generosidade…

Sabia tudo sobre cinema.

Certa vez, se inscreveu para o programa 8 ou 800, comandado por Paulo Gracindo. Iria responder sobre E O Vento Levou…

O game acabou antes de chamarem o Ismael. Mas, em compensação, ouvi toda a história do filme e seus bastidores numa viagem que fizemos – eu, ele e outro amigo, o Roggiero – à região de Campinas, onde fomos oferecer nossos préstimos a um jornal local.

Planejávamos um suplemento cultural que venderíamos aos jornais do interior. Isma escreveria sobre televisão e cinema, Roggiero sobre teatro e literatura e eu, além da diagramação, cobriria as novidades musicais.

Ninguém deu bola para nossa idéia.

Desistimos do suplemento, mas não de escrever sobre o que gostávamos.

Éramos sonhadores – e o Ismael um tantinho mais.

Tempos depois, ele realizou o desejo de conhecer os Estados Unidos.

— Vocês precisavam me ver. Parecia que sempre vivi ali. E olhe que falo inglês mal-e-mal.

Na verdade, ele não ia além do “yes, yes”.

Ismael era uma figuraça

Estive pela primeira vez em Nova York recentemente.

Bateu uma saudade enorme do amigo que, há algum tempo, não está entre nós…