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Palestra/Palmeiras

Se o Palestra achava que teria paz após virar Palestra de São Paulo, estava enganado. Para o jornalista Mauro Betting, autor do livro Palmeiras, Cem Anos de Academia, queriam mais do Palestra, queria tudo do Palestra paulista. “Tão intolerantes quanto ignorantes, achavam que a palavra ‘palestra’ era de origem italiana”.

Na verdade, palestra tem origem grega e significa praça esportiva, local em que se pratica esportes.

Bruno Alexandre Elias, atual coordenador do Departamento do Acervo Histórico da Sociedade Esportiva Palmeiras, relatou em entrevista aos autores a transição da retirada do Palestra do nome do clube:

“Muito ingenuamente, digo que foi um equívoco do governo da época. Mesmo com a diretoria palestrina esclarecendo a natureza da palavra, o governo foi irredutível e resolveu não acatar o pleito de que se mantivesse o nome Palestra”.

A importância da mudança do nome é contestada ainda hoje por Etelvina Cervo, filha do fundador da Società Sportiva Palestra Italia, Luigi Cervo, Conversando com os autores deste livro, Etelvina contou que o pai lutou para que se mantivesse o nome, já que ele havia batizado a agremiação, mas o governo exigia. Luigi ficou muito aborrecido quando houve a mudança.

– É a mesma coisa que tirar o nome de uma pessoa, não pode. Já eram muitos anos de vida, de 1914 a 1942.

Etelvina não se conforma. Mas, lembra que a repressão ao clube era enorme.
Foi quando surgiu a figura do sergipano, capitão Adalberto Mendes, que intercedeu, com firmeza, em nome dos interesses da nação alviverde.

Segundo o jornalista Fernando Gallupo, autor do livro Morre Líder, Nasce Campeão, o capitão Mendes percebeu no brilho do olhar da gente palestrina que não havia qualquer interesse político em jogo.

Pela importância em todo o processo de nacionalização do Palmeiras, Capitão Mendes entrou para o quadro social do clube e foi convidado pelo presidente Ítalo Adami a ser o terceiro vice-presidente do Palestra de São Paulo.

(…)

Foi assim que em 14 de setembro de 1942, na reunião do Conselho, começou a se pensar na escolha de outro nome.

A certeza era de que todos os dirigentes quiseram manter o P como a letra inicial.

Foram sugeridos os nomes de Paulista e Piratininga até que Mário Minervino sugeriu “Palmeiras”, mais precisamente Sociedade Esportiva Palmeiras:

– Se não nos querem Palestra, seremos, pois, Palmeiras e nascemos para ser campeões.

* Texto adaptado do livro “Palestras – Fora do Eixo. Como uma guerra mudou o nome de dois clubes”, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Seus autores – Daniela Garcia, Denise Duarte, Marylha Maieru e Rodrigo Mozelli – foram aprovados e, portanto, já estão em busca de novos desafios como jornalistas. Tive a honra de orientar o grupo. Falar do meu Palmeiras é sempre uma emoção.