Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Primeira Página

Posted on

Cena do filme Primeira Página que trata dos primórdios do jornalismo com sagacidade.

Fazer o fechamento da primeira página de um jornal era um tormento – e uma arte!

A caldeira viva – e em ebulição – em que se transformava a Velha Redação, ainda que crepitando vivamente com a chegada das últimas notícias, era tomada por um súbito silêncio, que se sobrepunha a qualquer outro alarido e mesmo que a ruidosa sinfonia dos teclados das máquinas de escrever. Nossa habitual trilha sonora.

O silêncio se dava na mente do editor/fechador, compenetrado ali ao lado do diagramador, a elaborar o intricado painel a acomodar as principais notícias do dia.

Classificar.

Organizar.

Hierarquizar as informações.

Eis a tarefa – e o enigma:

“Qual a manchete?”

Vivi esse momento milhares de vezes em meus dias de editor.

Um desafio – e tanto.

Uma realização inexplicável e prazerosa quando as peças do mosaico noticioso, por fim  – e enfim -, se encaixavam. Na forma e na mensagem.

Ainda hoje os jornais (que sobrevivem heroicamente) enfrentam o cruel dilema de consagrar a notícia de ontem. Assim o fazem com o compromisso que têm com a posteridade em sua capa.

As demais plataformas informativas deliciam-se (ou torturam-se?) com o baticum da informação em tempo real.

Para estas, não existe o ontem, nem o amanhã. Só o hoje e o agora.

Claro está, amigos leitores, que o post de hoje inspira-se na capa da Folha de S. Paulo de domingo que ontem aqui publicamos como ponto de partida para a nossa conversa diária.

Veja e leia

AQUI!

Fiz questão do registro.

Sou um jornalista afinado com as publicações impressas – jornais, revistas & congêneres.

(Era meu habitat natural.)

Senti resgatado o orgulho da profissão hoje à mercê de ameaças, agressões torpes e – por que, não? – de algumas deserções entre nós por força do vil metal.

A estes, a História lhes fará justiça.

Igual a tudo na vida.

Voltemos às primeiras páginas que hoje é o assunto.

Dois jornais se destacaram na engenhosidade criativa de capas memoráveis.

1 – O imbatível Jornal da Tarde que circulou de 1967 a 2012. Com projeto inicial sob o comando do jornalista Mino Carta. Foi o primeiro jornal pré_diagramado da Imprensa brasileira, com projeto gráfico audacioso e amplo espaço para a valorização da imagem fotografica.

(Posso dizer que literalmente fez a cabeça da minha geração de jornalistas.)

2 – O duradouro Correio Braziliense, ainda na lida e em circulação. Criado em 1960, na recém-inaugurada Capital da República, Brasília, pertence ao histórico grupo dos Diários Associados, aquele mesmo fundado pelo memorável Assis Chataubriand, primeiro grande empresário das Comunicações no país.

(Viveu sua fase mais criativa na gestão do jornalista Ricardo Noblat.)

Trago-lhes um exemplo de cada para ilustrar meu destaque:

1 –

Copa do Mundo – o dia seguinte à derrota – ainda hoje dorida – da seleção de Telê para a Itália, tricampeã mundial de 1982.

2 –

Março de 2012 – A morte do humorista Chico Anysio foi o destaque. Premio Esso de Jornalismo.

Permitam-me agora uma referência imodesta:

Janeiro de 1984 – Gazeta do Ipiranga na cobertura da manifestação histórica na Praça da Sé. A edição conclama a todos às Diretas-Já e à democracia.

Democracia – esta mesma que hoje vive aos estilhaços das provocações dos velhacos de plantão!

* Do baú da memória daqueles idos…

 

Ainda nenhum comentário.

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *