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Sábados e sábados

Outro sábado.
Mínimo, solto.

Outro sábado morno,
onde me escondo.

Assim como há vidas e vidas,
também existem sábados e sábados.

O meu parece ser um sábado eterno.

Não sei se me explico bem.
Ou mesmo se carece de explicação?

Sei apenas que é sábado.

Um outro sábado…

II.

Houve um tempo, em minha vida,
que sábado chamava-se futebol…

Seja para o soçaite num campo
de areia da avenida Ricardo Jafet.

Seja nos acirrados campeonatos
amadores do Clube Atlético Ypiranga.

Ali joguei em dois times
que me são inesquecíveis.

O Calábria – e o nome diz tudo,
formado por descendentes de calabreses.

E o Alegria, do amigo Sérgio Salvador.

Que belíssimo nome tinha o nosso onze!
Reparem: Alegria.

Aliás, tínhamos lá nossas características,
além de um uniforme surreal. A camisa era branca,
com várias estampas daquela carinha
redonda, onde se lê: sorria.

As características?

Sim, sim.

Ganhamos uma ou outra,
empatamos algumas,
perdemos quase todas.

Mas, nosso grande desafio era
mesmo que o onze fosse onze.

Quase sempre alguns craques
esqueciam o dia e a hora aprazados
para a porfía – e lá íamos nós a campo
com dois ou três a menos…

Quando conseguíamos reunir a turma,
era inevitável: o Serjão arrumava confusão
e meio time era expulso de campo…

Nenhum juiz entendia o Serjão.
Ele só queria colaborar.

Os então homens-de-preto não tinham
‘alegria’ em seus corações, de luto
porque não jogavam no Alegria.

III.

De volta aos sábados…

Quando era alegre e jovem,
morava em um minúsculo apartamento
na rua Agostinho Gomes.
Sábado, então, era dia de ouvir
todos os meus dez ou doze elepês –
na maioria, do Benjor que
à época ainda era Jorge Ben.

Era dia também de os vizinhos
baterem na porta a reclamar
por causa do som altíssimo…

Que bobagem…

Desde os tempos em que era apenas
Jorge Ben, Benjor sempre foi
pura alegria — e ainda é…

IV.

Com o tempo vieram outros sábados…

Os que perambulei sozinho pelas
ruas do Centro de São Paulo.

Os que me enfurnei nos shoppings
e gastei mais do que devia.

O que foram dedicados a assistir
a dois ou três filmes seguidos
em cinemas diferentes.

Os que dormi o dia todo porque
trabalhei na sexta até altas horas.

Outros em que só trabalhei e trabalhei…

Até curso de neurolingüística,
eu fiz, um certo tempo, aos sábados…

Podem acreditar.

V.

Houve sábados em que fugi deste mundo.

Verdade.

Enveredei pelo Planeta Sonho…

É…

Mas, sobre os tais, não estou autorizado
a falar. Mas, lhes garanto:

Aqueles, sim, eram outros sábados…