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Seguindo em frente…

Bem vindos a março!

Corro os olhos ao redor.

A manhã está nublada, cai uma chuva fina que, por vezes, parece até sem força para chegar ao solo.

Apuro os ouvidos e o silêncio de todos realça o desconsolo que se abate sobre a alma brasileira neste 2016.

Andamos carentes de boas novas.

E, como já lhes disse dias atrás, eu desisti do noticiário do dia e faço do Blog uma espécie de ilha da fantasia.

Há um samba antigo que diz:

“O importante é que a emoção sobreviva”.

Valeu para os tempos ditatoriais (quando a canção de Eduardo Gudim foi lançada).

Vale, creio eu, para os dias atuais quando grassa outra forma de malajambrada ditadura: a da intolerância e do ódio.

Para mudar o tom da conversa, tomo a liberdade de citar o grande Rubem Braga.

Certa feita, ele foi convidado por uma “revista mais ou menos frívola” a elencar as dez coisas pelas quais vale a pena viver.

Sem pensar muito – ele próprio reconheceu -, o cronista capixaba fez a seguinte relação e a divulgou na crônica "As Coisas Boas da Vida":

(…)

– Esbarrar às vezes com certas comidas da infância, por exemplo: aipim cozido, ainda quente, com melado de cana que vem numa garrafa cuja rolha é um sabugo de milho. O sabugo dará certo gosto ao melado? Dá: gosto de infância, de tarde na fazenda.

– Tomar um banho excelente num bom hotel, vestir uma roupa confortável e sair pela primeira vez pelas ruas de uma cidade estranha, achando que ali vão acontecer coisas surpreendentes e lindas. E acontecerem.

– Quando você vai andando por um lugar e há um bate-bola, sentir que a bola vem para o seu lado e, de repente, dar um chute perfeito – e ser aplaudido pelos serventes de pedreiro.

– Ler pela primeira vez um poema realmente bom. Ou um pedaço de prosa, daqueles que dão inveja na gente e vontade de reler.

– Aquele momento em que você sente que de um velho amor ficou uma grande amizade – ou que uma grande amizade está virando, de repente, amor.

– Sentir que você deixou de gostar de uma mulher que, afinal, para você, era apenas aflição de espírito e frustração da carne – a mulher que não te deu e não te dá, essa amaldiçoada.

– Viajar, partir…

– Voltar.

– Quando se vive na Europa, voltar para Paris, quando se vive no Brasil, voltar para o Rio.

(…)

Falta um item, perguntará o atento leitor.

Fala da morte, o tal descanso eterno, como das nossas conquistas.

Dispenso.

Fiquemos apenas com as noves indicações. Estão de bom tamanho. Se o amigo quiser trocar Paris por Roma ou Madri e Rio de Janeiro por São Paulo ou outra cidade qualquer fique à vontade…

Importante é seguir em frente.