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Sete meses de seguro desemprego

01. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) aprovou, nesta quarta-feira, a ampliação do seguro-desemprego de cinco para sete meses nas regiões metropolitanas. Tal iniciativa pretende beneficiar 668,4 mil trabalhadores desempregados, com gastos adicionais aos cofres da União equivalentes a 228,6 milhões de reais. Há quem veja nessa medida uma dose extra de oportunismo eleitoral. Seu autor é o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, o senador José Serra, e consta que a aprovação, a toque de caixa, propõe muito mais alavancar sua campanha, que estacionou ao redor dos 10 por cento das intenções de votos, do que propriamente equacionar a questão social, o grande mal do País nessa segunda metade dos anos 90.

02. Aqui, desse modesto posto de observação, parece-me sensato esmiuçar um pouco o assunto. Até porque dizem que, pelos corredores planaltinos, o assunto reeleição é muito mais do que o tema da moda. É idéia fixa para os próximos de FHC, além de contar com o, digamos, entusiasmo presidencial.

03. Não se discute que a proposta, que vai vigorar até dezembro, tem um teor positivo. Afinal, sabe-se que, desde a recessão do início dos anos 80, não se via tão elevados índices de desempregos. Analistas políticos e sociais chegam a relacionar esse espraiar da miséria ao surto abominável de violência urbana nas grandes cidades brasileiras. É a correlação causa e conseqüência, assinalam. No entanto, vale destacar: trata-se única e exclusivamente de um paliativo, de eficácia, aliás, bastante duvidosa. Os parcos trocados de seguro-desemprego, certamente, vão ajudar aos que vivem as aflições de não estar trabalhando. Mas, efetivamente, o problema vai continuar existindo e aumentando a cada dia… Nossa gente não quer esmolas, doações, campanhas de solidariedade. Nossa gente quer solução para os problemas do País.

04. E por onde começam tais soluções? Em princípio, se faz mais do que urgente acreditar no desenvolvimento e apostar no potencial dos diversos setores da Economia nacional. Apertou-se o cinto em nome do controle da inflação. Pois, agora, é hora de se virar essa página e pensar grande. Malan e equipe precisam, a partir da estabilidade da moeda, adotar medidas de reaquecimento econômico. Só assim indústria, comércio e demais segmentos poderão retomar ares e forças. Livres do sufoco atual, com o dinheiro circulando mais solto, as frentes de trabalho se abrem engolindo essa malfadada onda de desemprego e miséria.

05. FHC já se encaminha para o terceiro ano de mandato. Não pode ficar unicamente cantando vitória por ter debelado a inflação, enquanto outros tantos
monstros sociais dizimam a esperança de dias melhores de milhões de brasileiros.

06. Uma cena que revela a tragédia nacional: a turba de garotos, entre 10 e 12 anos, assaltando os motoristas nas imediações da rua Antônio Marcondes com avenida Nazaré, no final da tarde de terça. Soldados da PM tiveram muito trabalho para normalizar a situação. Depois, a cruel constatação: a gente prende em um dia; no outro, eles estão na rua, assaltando.