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Turminha encantadora

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Desconfio…  Só desconfio que, instada pela crônica de ontem, a moça me diz orgulhosa sobre as filhas ainda pequenas. Três e cinco anos, mas fazem cada pergunta? De tirar o fôlego.

– Me deixam sem respostas, sabia?

Uma quer saber onde vivem as pessoas que morrem.

Outra pergunta se é verdade que, mesmo quando desaparecem, as estrelas continuam brilhando.

II.

Percebo que está feliz com a curiosidade das filhas. Por isso, meço as palavras ao lhe responder.

Digo-lhe que é natural da criança o intuitivo desejo de saber mais e mais. Não é  privilégio da turminha encantadora que anda hoje por aí e que nos enche de esperança.

Sempre foi assim, reforço.

Tomo como exemplo aquela canção da Paula Toller que a Adriana Calcanhoto gravou, travestida da lírica personagem Partimpim.

Lembram o refrão?

“Uel, uel, uel… Gabriel”

Então…

III.

A jovem mamãe ajeita os óculos grandes e modernos e, percebo, não se dá por satisfeita.

– Imagine que as meninas querem elas mesmas fazer as escolhas da fantasia que vão vestir no Halloween.

Vá se acostumando, moça.  Que é assim mesmo… Esses bichinhos crescem e, naco a naco, vão abocanhando o mundo.

Estou certo que farão melhor que nós.

É a esperança que tenho.

IV.

Conversa vai, conversa vem, conto a história do meu filho quando ainda criança. Tinha seis anos quando, em 1986, surgiu a notícia de que o cometa Halley reapareceria aos olhos da Humanidade.

Uma amiga, a jornalista Leila Kyiomura, trabalhava no Jornal da Tarde e foi pautada para fazer uma reportagem sobre a impressão de garotos e garotas sobre a passagem do cometa ao redor da Terra.

Quis conversar com o menino. Que lhe deu a resposta que a todos surpreendeu

O Halley era uma bola brilhante, parecida com essas bolas de futebol coloridas.  Deus deu um chute tão forte pro alto que ela fica girando, girando pelo espaço sem fim.  Por onde passa deixa um rastro de fogo…

E completou:

– Deus bate tiro de meta bem mais forte que o Leão (então, goleiro do Palmeiras).

V.

– Não lembro de ser assim, me diz a mamãe ainda ressabiada.

Mas, era posso afirmar, mesmo sem conhecê-la naqueles idos não tão idos assim.

– Não lembro, insiste.

– Quando cresce, a gente esquece…

À medida em que vivemos entre os homens, temos a compreensão do tempo e vamos perdendo a sintonia com o divino.

Como diz a professora aqui de casa:

“ Elas estão mais perto de Deus.”

Foto: Jô Rabelo

 

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