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A vida não para…

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De onde virá o texto para o post de hoje?

Faço a pergunta para que eu próprio responda.

Ando indeciso sobre os rumos que dou às nossas conversas diárias, confesso.

Gosto deste encontro. Preocupa-me, porém, o tom de desalento que assumiu o meu cotidiano teclar.

II.

Faz uma manhã fria, nevoenta. Garoa, chuva fina.

Ruas e praças ainda quase desertas.

Queria dar a leveza que o Blog não apresenta há algumas semanas.

Ressalto que ando em paz comigo e com os passos que dei caminho/vida afora.

Portanto, sem arrependimentos e outros ais, não encontro um motivo meu, específico, uma inquietação de ordem pessoal ou qualquer coisa no gênero, para o amargor.

Há, sim, a inquietação que é (ou devia ser) de todos (e parece ser de ninguém) com a desordem coletiva, caótica, que grassa solta neste país que um dia foi de Meu Deus.

III.

Sim, posso citar a calamidade da vez, o incêndio e a destruição do Museu Nacional.

Mas, não só.

Deixamos queimar vestígios do nosso passado, da nossa História como povo e, agora, o que vejo, como perspectiva de futuro, é a guinada sem volta à direita – o manda quem pode, obedece quem tem juízo – a tascar fogo em nosso futuro.

O que faremos para mudar o rumo da situação, nitidamente, à beira do mais profundo dos abismos?

54, 64, 89, 2016… Para ficar no que chamam de contemporaneidade.

Parece que nunca nos libertaremos dos opressores.

Não nos dão o direito de aprender a lição.

IV.

Abro o computador – e resolvo adiantar o texto.

Qual o tema mesmo?

Insistir na suíte da tragédia que abalou o Brasil e o mundo?

Falar das eleições presidenciais, de lances toscos e enganosos?

Comentar a insidiosa cobertura jornalística da Globo e dos chamados grandes conglomerados de comunicação?

(Outra tragédia à brasileira!)

V.

Ficar no rame-rame do pesado noticiário do dia?

Por que Wall Street

torce por Bolsonaro

TSE proíbe anúncio

do PT pela quinta vez

Gilmar Mendes concede

habeas corpus para

ex-secretário de Alckmin

Datafolha cancela pesquisa

 com Lula e Ibope não

divulga levantamento

 

VI.

Desisto.

A continuar neste tom de abatimento (que sequer uma trilhazinha musical ao final do texto dá vontade de postar), acabo por perder de vez meus raros e caros cinco ou seis leitores; a quem muito prezo e cuido.

VII.

Qual o tema, então?

Insisto com a pergunta enquanto teclo à deriva como a pedir um help aos meus incautos amigos que só agora me leem.

VIII.

Cessou a garoa.

Foi-se o nevoeiro.

Da janela do prédio onde moro – todo o cronista que minimamente se preza precisa de uma janela a lhe dar o mote quando escasseia a imaginação…

Pois então… Da janela do prédio onde moro, décimo nono andar, dá para ver as ruas e praças ainda com trânsito esparso, confortável. Logo, logo, ficam apinhadas de carros e gentes nos dois sentidos.

Vida que segue…

IX.

Lembro os versos do pernambucano Lenine – não sei se já usei como trilha aqui no Blog:

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

E aquele samba de Paulinho da Viola:

Não sou eu quem me navega

Quem me navega é o mar

X.

Reitero a pergunta, sem me dar conta que o post/crônica aqui está.

Nós, escrevinhadores do hoje, só temos o dom de adivinhar (e relatar) o que já aconteceu.

Os poetas, sim, os artistas sabem das coisas.

Dão o toque…

A luz vem da Filosofia.

É preciso haver equilíbrio entre o medo e a esperança  – (Spinoza).

E a fé abençoa quem não esmorece e acredita no próprio sonhar…

 

Foto: Paulo Pinto

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