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Antes só do que…

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Foto: Arquivo Pessoal

Caminhava ontem pela pista que existe aqui, na avenida, perto de casa. Tarde fria de um verão que se arrasta melancólico, de céu chumbado – e muitas preocupações: coronavirus, a economia aos frangalhos, o dólar em alta, a sensação de insegurança, o autoritarismo que grassa à solta, a intolerância, entre outras ameaças.

O mundo parece estar mesmo de ponta à cabeça. Ou sou eu que vejo tudo às avessas?

Sensação de que não há sinais de dias melhores.

Não queria estar ali. A caminhar sozinho num domingo tedioso, com pensamentos tão melancólicos.

Recomendação médica, sigo a passos um tanto mais acelerados. Quem sabe assim cumpro os quatro quilômetros de praxe e, enfim, posso retornar pra casa e me lamentar na cama que, ao menos, é lugar quente.

Tem dias que são mais assim que outros.

Não me dei conta que, no ritmo que vou, me aproximo de um grupo de senhores – mais ou menos, na minha faixa etária – que também se exercitam por ali.

Fico a poucos metros deles.

Quase quase me integro ao grupo.

Ao menos, penso, teria companhia e alguma distração para o restante da inglória jornada.

As conversas que têm parecem bem divertidas. Riem que riem.

Um deles engata um papo de futebol.

Ops, adoro!

Lembram que o São Paulo está jogando instante. Mas, o que vale mesmo é a rodada da Libertadores do meio de semana.

O próprio Tricolor tem um jogo mais do queNdecisivo no Morumbi, e o Santos e o Flamengo e o GreNal…

Estou quase pedindo uma brecha para me enturmar.

Quase…

Até que um deles, envergando a camisa ‘marca-texto’ do meu Verdão, se pronuncia em alto e bom som.

– O Palmeiras não vai longe, não… Tenho certeza, empatou ontem com a Ferroviária.

Peralá, não é bem assim, penso comigo mesmo.

Não concordo.

O Palmeiras tem boas chances de seguir adiante, sim.

Ma che caspita de palestrino é esse aí?

Seguro minha indignação a tempo de ouvir a conclusão do distinto senhor:

– Enquanto o Palmeiras tiver como técnico aquele petista nojento do Luxemburgo, quero mais que perca mesmo. Aonde já se viu?

Todos agora estão a vociferar palavrões e xingamentos contra Luxa e suas convicções políticas.

(Por favor, caros leitores, retirem o ‘distinto senhor’ da frase acima.)

Ufa!

Por pouco.

Mas o que tem a ver o ó como o borogodó?

Reduzo a passada, dou meia volta – e, por vias das dúvidas, sigo em direção contrária.

Mais desalentado que estava, fiquei.

Pra que tanto ódio no coração?

Não tem jeito, não.

Tá tudo dominado.

Antes só do que milicianamente acompanhado…

 

1 Response
  • clarice falasca
    10, março, 2020

    É…tem sempre um desalento no caminho… muito triste

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