A Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo está promovendo o Seminário 50 Anos de ECA/USP – Contribuições na Construção do Campo Acadêmico das Artes e da Comunicação no Brasil. O evento acontece no Auditório Paulo Emílio, localizado no Prédio Central da Escola e, para participar do evento, é preciso fazer inscrição no site www.eca.usp.br.
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Sou egresso da ECA/USP onde me formei em jornalismo no distante ano de 1976.
Lá se vão 40 anos, portanto.
Eu, particularmente, tinha uma rotina difícil. Morava no Ipiranga, estudava na Cidade Universitária e trabalhava no Grupo Escolar Jardim Moreira. Nada, nada eram oito coletivos diários e algo em torno de seis horas sacolejando pela cidade e áreas circunvizinhas. Para quem não sabe, o bairro do Jardim Moreira se situa na periferia de Guarulhos.
Ficava pouquíssimo tempo pelos corredores da ECA. Chegava invariavelmente atrasado para a primeira aula e, na última, saía um tantinho mais cedo em busca de tempo para o almoço, antes de entrar no serviço.
Era assim. Para o bem e para o mal.
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Explico.
Vivíamos os tempos áridos da ditadura militar – e ali, no campus, não era raro aconteciam manifestações de protesto.
Não raro também a prisão de alguns dos nossos pelo DOI/CODI “para averiguações”.
A mãe se punha a rezar toda vez que eu saía de casa.
O pai repetia o alerta:
– Não vá se meter em confusão, hein?
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O momento mais agudo deste período foi a morte do jornalista e professor Vladimir Herzog nos subterrâneos da ditadura, em 25 de outubro de 1975.
Herzog nos dava aula de telejornalismo, na ocasião.
Foi, sem dúvida, um momento trágico e determinante para a história recente do País.
Há quem diga que este desvario dos grupos paramilitares, que assassinaram Herzog numa sessão de tortura, revelou-se o primeiro e decisivo passo para o fim do regime de exceção que vivíamos.
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Uma semana depois, houve o culto ecumênico na Catedral de São Paulo in memorian ao professor/jornalista.
A cidade amanheceu sitiada pelas forças militares que, assim, tentaram desestimular a presença de uma multidão no ato religioso. Apesar dos bloqueios, 8 mil pessoas estiveram presentes no templo da Sé.
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As aulas na ECA foram suspensas por uma semana. Quando voltamos, não éramos mais os mesmos. Nem o Brasil.
