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Futebol. Ontem, hoje – e sempre

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Quem aí se lembra do velho Palestra Itália, o Jardim Suspenso?/Arquivo Pessoal

Meus caros,

Tenho o privilégio de conhecer as três versões do estádio do Palmeiras: o Parque Antárctica, onde fui pela primeira vez aos 9 anos com o pai; o Palestra Itália, conhecido como Jardim Suspenso, a segunda versão inaugurada na década de 60 e agora o Allianz Parque onde vou sempre que posso e lá estarei no próximo sábado, com meu filho, meu sobrinho Gui e o sobrinho-neto, o Bernardo.

Pois assim é que é – ou deveria ser o futebol.

Uma confraternização!

Amigos,

Eu vi o Palmeiras de Humaitá e Bececê enfrentar o Santos de Pelé, Coutinho e Cia.

Podem imaginar o que seja isso?

Desconfio que não.

O cearense Bececê era um ponta esquerda de chute forte. Humaitá, um centro-avante gaúcho que chegou ao Palmeiras também nos idos dos anos 60. Não eram lá um primor de craques, não fizeram história, não foram campeões por aqui.  Mas, nem por isso me fizeram menos feliz dentro de campo ou fora dele.

Eu era moleque, da turma da Muniz de Souza, no bairro operário do Cambuci, em São Paulo.

Tínhamos o futebol como vida, arte e engenho.

(Nunca como um embate de forças, um enfrentamento, um guerrear.)

Para nós, era uma grande epopeia, eu diria.

Pegávamos o (ônibus) elétrico, ali, nas quebradas do Jardim da Aclimação, descíamos pela porta traseira no centro paulistano.

(Contávamos com a camaradagem de motorista e cobrador.)

Dali, batíamos no ‘pé dois’ para o Pacaembu, onde era liberada a entrada para menores de 12 anos.

Íamos todos. Palmeirenses, corintianos, são-paulinos, um ou outro santista de última hora e até o André, torcedor da Portuguesa.

Juntos, voltávamos.

Pura diversão.

Ali no raiar dos anos 60, o Santos era mesmo um time arrasador. Com o melhor ataque de todos os tempos: Durval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Foi mesmo um privilégio vê-los em ação.

Mas, o que me leva, mais esta vez, a escrever sobre essas lembranças?

Parto de uma referência que o craque Tostão fez em uma de suas colunas na Folha de S. Paulo. Disse o também diligente cronista sobre a diferença entre nostalgia (“lembrança doce”) e saudosismo (“apego exagerado às coisas do passado, como se aquele fosse o mundo ideal”).

Fazia uma óbvia alusão ao diz-que-diz que inevitavelmente cerca o Planeta Futebol.

Ele escreveu tal coluna no final do ano passado.

Mas, confesso que…

Sinceramente, me fez e ainda faz pensar.

Dia vai, dia vem. Ainda agora não sei em que categoria devo me incluir como aficionado do futebol.

Talvez em ambas?

Humildemente, preferiria me enquadrar como nostálgico. Confesso, que não raras vezes, tanto no futebol como nas nuances da vida, derrapo feio num arrebatador saudosismo.

Espero que me entendam.

Óbvio que o futebol continua como uma grande paixão; certamente, a mais antiga e nobre que vivi – e vivo – nessa minha longa jornada.

Antiga, pois desde que me entendo por gente me envolve este sentimento imprevisível, delirante – e passional.

Nobre, pois, penso eu, nada peço em troca. Sequer a gratuidade para os idosos em jogos no Pacaembu que, por força da privatização, acabou de acabar.

Deixem eu lhes dizer o que penso.

Os jogadores do passado estavam mais para artistas do que atletas. Talentos natos, feitos na várzea, com características específicas e, não raras vezes, de natureza única.

Os boleiros de hoje invertem a ordem das coisas. São mais atletas do que propriamente um criador. Eles vêm das ‘escolinhas’ e são orientados pelos tais ‘professores’.

Talento, talento, há quem o tenha.

Mas, via de regra, são todos bem parecidos se levarmos em conta a bolinha em que jogam.

As exceções (que fazem a diferença – Messi, CR-7, Neymar e outros raros) só confirmam a regra.

Qual o melhor futebol?

Depende do olhar, das lembranças e do sentido que cada um de nós dá ao esporte-rei.

Em essência, tá certo o Luxa, o futebol não mudou.

Perdeu certo encanto, eu diria.

Hoje pretendem cientificá-lo – e aí, ao meu ver, acaba a magia, o lúdico, o artístico.

Talvez fossem meus olhos de menino.

Futebol, fosse qual fosse o resultado, tinha o gosto de festa.

Entrávamos e saíamos do estádio, juntos, com um sorriso no rosto, em meio a brincadeiras, zoeiras e muita expectativa.

Uma confraternização.

É o que sinto falta, meus caros.

E lamento.

Porque a vida é muito mais – e além.

E o futebol é só um sonhar inebriante, coletivo – e, se me permitem, necessário.

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