Uma das belas surpresas que tive, semana passada, em Aracajú foi conhecer a ponte Jornalista Joel Silveira sobre o rio Vaza Barris que, ao que me disseram, facilita amplamente a ligação daquele estado à Bahia.
Antes, era preciso percorrer 70 quilômetros de estrada para fazer o mesmo trajeto.
Na verdade, não foi a questão prática o que tocou minha admiração. Foi, sim, o reconhecimento ao notável jornalista que morreu, em 2007, aos 88 anos, na cidade Rio de Janeiro.
Explico melhor: Joel era sergipano, da pequena cidade de Lagarto. Foi um extraordinário repórter, de texto contundente, daqueles que hoje não mais existem. Era chamado entre os seus pares da época de a Víbora, tal a força e objetividade com que tratava seus temas.
Aos 26 anos, foi correspondente de guerra para os Diários Associados. Viajou e seguiu em campanha com 20 mil pracinhas da FEB por terras italianas enfrentando o rigoroso inverno local, além das vicissitudes naturais da inominável batalha.
Muitas de suas reportagens e crônicas hoje foram reunidas e publicadas em livros. Alguns títulos estão disponíveis para as novas gerações que deveriam ser obrigados a conhece-los. Alguns deles: “A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista”, “A Feijoada Que Derrubou o Governo”, “O Inverno da Guerra”, “A Luta dos Pracinhas: A Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial”, “Um Jornal Assassinado. A Última Batalha do Correio da Manhã”, “Diário do Último Dinossauro”, entre outros.
Eu, particularmente, adoro uma coletânea de contos, com o nome de “Não Foi O Que Você Pediu? ”. O livreto traz um Joel sensível, de olhar mais alongado para o cotidiano da nossa gente.
Um quase poeta em texto corrido.
Bom vê-lo reconhecido e lembrado em sua terra natal.
Essa reverência deveria ter âmbito nacional.
*Trilha sonora: uma reverência à cultura e à gente nordestina que Joel tão bem dignificou…
*(foto: aracajú/arquivo pessoal)
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