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Lembrando a tragédia do Torino

Tremenda barrigada!

Filho de quem sou (e jornalista) jamais poderia esquecer a data e o fato.

A data: 4 de maio de 1949

O fato: o desastre de avião que matou todo elenco do Torino, o melhor time de futebol do mundo à época.

Explico o desconsolo.

O Velho Aldo, meu pai, idolatrava o Torino.

Tinha até um postal, como o da foto aí de cima, que um amigo lhe enviou quando em viagem à região de Piemonte.

Até hoje não me conformo como fui perder essa recordação que o pai guardava com tanto zelo.

Desde garotinho ouvia o pai – e os amigos do pai, a italianada boa do Cambuci – a lamentar tamanha perda.

Havia a questão humana, óbvio.

Havia a questão esportiva.

Inestimáveis, as duas!

O Torino era a base da esquadra italiana.

Nas conversas daqueles tempos, entre os oriundi,  não fosse a tragédia e a Azzurra seria favorita para o Mundial de 50, aquele de triste memória para nós, brasileiros.

Eles sabiam de cor o nome de cada um dos craques desaparecidos, em que posição jogavam, quem era o artilheiro, quem era o cérebro do time, enfim…

Sabiam tudo e lastimavam profundamente.

Para eles, a maior tragédia da história desse tal Planeta Bola.

Nasci em dezembro de 1950, meses depois da hecatombe do Maracanazo. Tinha cinco, seis anos e acompanhava o pai nesse encontro de amigos que acontecia, nas noites de sábado e domingo, num bar chamado Astoria, na rua Lavapés.

Jogavam Patrão e Sotto – uma disputa intrincada entre amigos para ver quem é contemplado (o patrão) e quem é o escolhido (sotto) para entornar um copo de cerveja a cada rodada. Punham dedos, em meio a um falatório danado de ruidoso, e ali se apurava quem era o sortudo da vez e quem o acompanhava na bebericagem.

Ficavam horas e horas ao redor de uma grande mesa. Crianças crescidas!

Jogavam e conversavam (todos falavam ao mesmo tempo) e gesticulavam e bebiam. Ah! como bebiam…

Alguns se metiam a cantor enquanto as garrafas de cerveja, devidamente esvaziadas, iam se empilhando sobre o balcão de mármore.

Não esqueço essa imagem.

Lá pelo fim da noitada era possível ver certa melancolia no semblante da turma.

Saudades da terra distante. Dos parentes que lá deixaram. Das ruas apertadas, das igrejinhas no alto da montanha, da vila onde nasceram…

Inevitável a lembrança da tragédia dos ‘grenás’.

“O Solo Mio” era o hino da rapaziada.

Dizia o que todos sentiam – e o que, de um jeito muito pessoal, me faz hoje entendê-los e me sentir um deles.

Felizmente no Blog do Juca Kfouri encontrei um texto excelente, assinado por Marcelo Torres, que reverencia os 70 anos dessa grande tragédia.

Leiam AQUI!

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