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Ó Pai Ó…

Rasguem suas fantasias.

Estamos na quaresma – os 40 dias que vão da quarta-feira de cinza até a Páscoa.

É tempo de jejum às sextas-feiras, silêncio e reflexão.

II.

Houve um tempo, não muito distante, em que começaria assim uma crônica politicamente correta para esta ensolarada manhã de domingo.

Afinal, amanhã é segunda-feira pós carnaval quando o ano efetivamente começa para nós, brasileiros.

III.

Há quem diga tratar-se de uma grande ilusão o fatiamento do tempo em horas, dias, meses e anos, ao qual se habituaram a maioria dos mortais e até um highlander como eu.

Dizem ainda que quem souber administrar o próprio tempo fora das convenções do calendário pode se dar bem, pois aí está o atalho da prosperidade.

IV.

Sei não…

Não sou lá de acreditar nesses manuais de auto-ajuda, menos ainda nesses gurus que nos ensinam a arte de escrever um currículo ou como nos devemos nos apresentar para uma entrevista de emprego.

V.

Reparem se não tenho lá minhas razões.

Em Recife e Olinda, o Bloco do Bacalhau levou milhões às ruas em plena quarta-feira de cinzas. Na sexta, as escolas de samba fizeram o desfile das campeãs no sambódromo paulistano. Ontem, bandas e blocos populares tomaram ruas e praias do Rio de Janeiro, que hoje faz aniversário. E em Salvador …

VI.

Bem, em Salvador é diferente.

Basta cair um prato que o pessoal todo se inquieta e pensa que é Carnaval.

— Ó Pai Ó… Deve ser o Olodum que vai sair.

— Não. Pode ser a Timbalada de Carlinhos Braum.

— Menino, ta com jeito de ser Filhos de Ghandi.

— Chame Gil, avise Caetano…

— Ivete, cadê Ivete?

— Claudinha, também?

— Claudinha, não. Claudinha já deve estar por lá…

* Foto: Jô Rabello