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O rock e a censura nos anos 80

*Prefácio do livrorreportagem “Procuramos Independência – O rock brasileiro e a censura musical dos anos 80”, de autoria de Amanda Souza e Vinicius Requena. A obra foi apresentada como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e foi aprovado com nota máxima.

Tive a honra de orientar a dupla e escrever o texto abaixo:

“Seria um exagero dizer que o jornalismo e o rock têm algo em comum neste início de século?

Diria mais.

Especificamente no Brasil é possível avaliar que os dois andam à míngua, à procura de novos rumos, novas soluções para, como diz um ilustre personagem/entrevistado deste livrorreportagem, ambos ressurjam, mais dia, menos dia, “como um vulcão enfurecido” e façam valer toda a força de suas histórias.

Ambos já viveram dias mais gloriosos, concordam?

Por isso, acompanhei com vivo interesse, o trabalho da Amanda e do Vinicius neste mergulho que os dois se propuseram fazer. Juntavam o lé com o cré de todo esse mistério com a bem-vinda proposta de resgatar um momento bastante rico da história da nossa música popular: os anos 80 e como a censura se fez presente tolhendo a liberdade de expressão dos novos compositores, mesmo após o fim da censura oficial, em 1979, prescrita pela ditadura militar.

Como assim? Existiu censura ao rock nativo mesmo no período alucinante de redemocratização do País e após a eleição de Tancredo Neves como primeiro presidente civil pós Golpe de 64?

Pois é, meus caros,

Existiu.

E é este o tema deste belo trabalho de reportagem deste dois jovens jornalistas que lhes apresento agora.

Quando a Amanda e o Vinicius me trouxeram a ideia do tema ainda no primeiro semestre deste ano, na aula de Orientação ao Pré-Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso, fiquei feliz. Entendi a proposta de cara e percebi que os dois haviam assimilado bem o conteúdo dos (até então) três anos de aprendizado. A escolha preservava um dos inerentes pilares do jornalismo: a reportagem. Além do que, apostavam no resgate da memória de um dos importantes momentos da história cultural brasileira. Senti-me lisonjeado quando me escolheram como orientador a acompanhá-los nesta instigante jornada. Agora, ao constatar o resultado final do projeto confortam-me os indícios de que a luta continua.

Explico:

Estou diante de um material riquíssimo, inédito em muitos pontos, e com um jeito bastante saboroso de contar como as coisas aconteceram.

Pra um velho repórter como eu – que, não raras vezes, se deixa levar pela voz dos céticos a dizer que o jornalismo tende a desaparecer -, é um renovar de esperanças…

Há um longo caminho a ser prospectado pelo rock (tema do livro) e pelo jornalismo. Jovens, como a Amanda e o Vinicius, saberão percorrê-lo.”