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Relatos de um viajante parvo (4)

Arles é uma das mais charmosas cidades da região de Provence, na França.

Para melhor descrever os dias que ali passei e minhas impressões sobre o lugar, pensei em escolher um personagem, um evento ou mesmo um monumento.

Por meio desse breve relato, meus fiéis cinco ou seis leitores entenderiam melhor as boas lembranças que trago dessas andanças.

Inicialmente imaginei destacar o senhor que nos atendeu e hospedou no pequeno Hotel Constantin. Mas, deselegante que sou, sequer lhe perguntei o nome – e olhem que o homem foi só gentilezas. Seu acurado gosto musical – entre o jazz, árias de ópera e até os trinados de um cantor/compositor português que teve a ousadia de dar nova música para os versos de Vinicius de Moraes – dava um charme todo especial e fazia ainda mais acolhedor à nossa pousada.

Também pensei em ressaltar o delicioso tagliatelle à carbonara que experimentei no restaurante La Comedie. Miam-miam-miam… Uma delícia.

Nas manhãs de sábado, há uma simpática feira onde se encontra de tudo e que amanhece na avenida em frente ao hotel – Boulevard Georges Clemenceau, invade o Boulevard de Licés e só termina na avenue Victor Hugo. Uma aventura deixar solta nossa curiosidade em meio à fila sem fim de barracas e ofertas.

Óbvio que a questão histórica salta aos olhos com o legado que os romanos ali deixaram – um anfiteatro, a arena – ainda em uso – e as termas.

No entanto, meus caros, o grande personagem de Arles no entender deste humilde viajante parvo foi mesmo a forte ventania que me pegou, de repente, sobre a ponte Triaquetalle sobre o rio Rhône no exato instante em que pensei em registrar alguns ‘instantâneos’ para a posteridade. Não só arrancou meu chapéu da cabeça como fez dele um tresloucado balão a dar piparotes gaiatos a 20 metros de altura da superfície do rio.

Eu já o dava por perdido prestes a desabar nas águas acinzentadas e geladas do Rhône.

Mas, o pé-de-vento brincalhão reverteu a tendência para onde soprava e o devolveu ao chão da ponte a três, quatro passos de onde eu estava.

Melhor assim…

Não sou de guardar mágoa.