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São Taffarel e o 9 de julho

01. Sei de antemão que falar de outro assunto que não seja Copa do Mundo é perder o leitor no primeiro parágrafo. Por isso, não quero correr riscos. Afinal, as emoções de Brasil e Holanda permanecem vivas nos corações e mentes dos brasileiros de todos os quadrantes e em todas as partes do mundo. A explosão de felicidade da nossa gente, quando São Taffarel operou dois milagres a nosso favor, foi de comover o mais insensível dos mortais. Aliás, ao longo de todo Mundial, chama a atenção o súbito acesso de patriotismo, civismo e senso de fraternidade que baixou peremptoriamente sobre nós. Verde e amarelo. As cores da Pátria passaram a dar o tom da moda. Transformaram-se em filigranas de sonhos. Razão de vida. E comemorações… Sou brasileeeiroo, com muito orgulhooo. Vozes nativas ecoam por todo planeta.

02. Não é de hoje, vale lembrar, que o futebol promove esse espontâneo fenômeno da integração nacional. Inverte a cruel ordem social que se vê nas ruas e determina a democracia da bola rolando. Todos somos iguais de quatro em quatro anos, quando a Copa começa e a seleção entra em campo. Sofremos as mesmas dores e incertezas, nos Jardins ou na periferia. Comemoramos os mesmos gols, as mesmas vitórias, tanto lá como cá… E vamos lá! A Taça do Mundo é nossa (ao menos enquanto nossos concidadãos não roubarem e derreterem como fizeram com a Jules Rimet).

03. Se o caro leitor me permitir, vou escapar um pouco das lides parisienses. Gostaria de lembrar que, em outras épocas, causas menos olímpicas (e mais afeitas ao nosso dia-a-dia) também faziam a cabeça da nossa gente, orgulhosa de seus princípios. O 9 de julho é um exemplo que merece ser lembrado. Reverencia a luta do povo paulista em defesa da constituição do País e da legitimidade das instituições.

04. O feriado de ontem é a data magna dos paulistas. Que literalmente pegaram em armas pela defesa de um ideal. A Assembléia Constituinte era promessa de Getúlio Vargas em sua campanha pela Aliança Liberal e na Revolução de 1930. O caudilho hesitava em cumprir o trato. Atos públicos e grandes manifestações populares culminaram no dia 23 de maio de 32, com a repressão policial e a morte de quatro estudantes: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo.

05. A Revolução teve início com as tropas da Segunda Região Militar e da Força Pública ocupando pontos estratégicos da cidade. Violentos combates foram travados entre essas tropas e um enorme exercício de voluntários constitucionalistas. Mesmo com o fim das hostilidades em 27 de setembro, a situação demorou para voltar ao normal. Só em 34, a nova Constituição foi promulgada e o paulista Armando de Sales de Oliveira foi nomeado para a interventoria do Estado. A Revolução Constitucionalista conseguiu seu objetivo, com apoio de todos os paulistas.

06. Isto posto, voltemos a Paris… (se é que existe algum leitor atento a narrativa). Rezemos pelo penta e por São Taffarel, que estaremos em boas (e santas) mãos…