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A crise, o parlamentarismo e o que nos impõe o caminho

01. O Brasil do fernandismo está à deriva. Não convence a mais ninguém. Nem ao público interno (a quem deve respeito e satisfação, pois o elegeu por duas vezes), nem ao externo (a quem deve uma grana considerável e subserviência). No entanto, no bojo de mais um colapso social, que o próprio Governo cavou mercê da sua arrogância e incompetência, FHC, Malan & Cia não conseguem agradar, com suas atitudes, nem lá, nem cá… Claramente não conseguem também projetar um País socialmente mais justo para enfrentar o Terceiro Milênio. Presos a uma série de compromissos e omissões, criada a partir da necessidade que a turma vislumbrou para continuar no Poder, foram deixando de lado prioridades essenciais como a reforma política (e o voto distrital, sai ou não?) e a administrativa (vamos enxugar essa máquina ou não?), além de investimentos nas áreas de Educação, Saúde, Moradia, Segurança e Emprego. A impressão que se tem é que a vida além dos compromissos diplomáticos, acadêmicos e econômico não existe (e nunca existiu) para FHC e os seus.

02. Creio que, como eu, os brasileiros andam à procura de um caminho menos árido para trilhar rumo ao futuro. Mas, como eu, estão ressabiados com os homens que chegam ao Poder. Parece que se encantam com o tratamento de EXCELÊNCIA (assim mesmo, grafado em maiúsculas), com aquela coisa emblemática de ser e estar, com a possibilidade de interferir no destino da humanidade… Imaginam que sabem tudo e em tudo podem (e obrigatoriamente) devem palpitar para a (in)felicidade geral da Nação. Sentem-se próximos à divindade, quando não a incorporam descaradamente. Houve um outro presidente Fernando que se achava o próprio salvador da pátria e clamava como um messias às multidões: "Não me deixem só". Saiu tocado de Brasília o mocinho que virou bandido… E o País teve que reaprender a confiar naqueles que se dizem líderes.

03. Assim como naquela ocasião (92/93), agora também é inevitável que se ouça falar do parlamentarismo como a pedra de toque para novas esperanças. O sistema permitiria, entre outras medidas, que se trocasse o primeiro ministro, o gabinete e até mesmo, em alguns casos, proporia uma nova eleição para o Congresso e, argumentam seus defensores, uma nova lufada de ares renovadores rasgaria o País de ponta a ponta. Não precisaríamos esperar três anos e tanto para refazer o que se desfez.

04. Poderia ser uma boa solução, apreciável sem dúvida. Mas, é curioso (se não fosse triste) que o parlamentarismo só é lembrado entre nós quando o País está em crise. Foi assim em 61 após a renúncia de Jânio Quadros, quando o então deputado Tancredo Neves foi nomeado primeiro ministro e o parlamentarismo durou aproximados 60 dias e mais confundiu do que resolveu. Foi assim também em 93, logo depois os atribulados dias colloridos. Houve uma votação popular que referendou o presidencialismo em detrimento do parlamentarismo e da monarquia (ufa!). Vale lembrar que à época os tucanos — incluindo Fernando Henrique — eram parlamentaristas desde tempos idos. Quando se aboletaram no Poder em 95, preferiram relegar a reforma política a um plano secundário e a palavra parlamentarismo virou tabu.

05. Mas, não é novidade esse comportamento. Na votação da Constituição em 88, Fernando Henrique declarou-se (e votou) contra a reeleição. Então presidente, FHC foi o primeiro a batalhar para permanecer onde sempre quis estar. Ser e estar presidente, sempre foi meta e objetivo de FHC. Mesmo que nada faça para merecê-lo.