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A terapia breve e nós…

"Às vezes, é indispensável que não ponhamos todos os ovos na mesma cesta" (Luiz Felipe Lampreia)

01. Ao conversar nesta semana com o empresário e psicólogo Samir Khoury, recentemente empossado no cargo de governador do Rotary Club São Paulo, chamou minha atenção uma história que Samir contou e que tomo a liberdade de transcrevê-la nesta seção, de tanto que fiquei matutando sobre o assunto.

02. Disse-me o Samir que, por um certo período de sua vida, ainda estudante de Psicologia, fez um curso de aperfeiçoamento na Universidade de Sorbone, em Paris. Conheceu e estudou um novo segmento da ciência que, posteriormente, no Brasil recebeu o nome de terapia breve.

03. Em resumo, terapia breve, explicou-me Samir, é quando a terapia busca dar uma resposta rápida ao paciente e combate diretamente o maior foco de suas angústias. Exemplo: uma pessoa tem medo de elevador e trabalha no vigésimo andar de um edifício. Ela pode ter lá outras travas e medos, mas essa fobia é a que mais a incomoda nesse exato momento de sua vida. Então, o psicólogo concentra todos seus esforços para livrá-lo desse mal.

04. O bom da terapia é sua agilidade e prontidão. Em breve número de sessões, o paciente pode estar curado, ou pelo menos ter a situação sob controle.

05. Em breves palavras, foi o que me disse. A partir daí, fiquei a imaginar o Brasil como um paciente de gigantescos traumas e problemas. Questões, aparentemente simples, que o angustiam e o corroem dia a dia. Exatamente como aquele fulano que precisa enfrentar o elevador da vida, mas tem medo.

06. Enquanto isso, os governantes-terapeutas se pronunciam sobre grandes teses acadêmicas e imaginam que teremos todo o tempo do mundo para retomarmos o caminho do desenvolvimento e da justiça social — até porque não existe uma coisa sem a outra.

07. Veja o caso das cestas básicas que estão abandonadas nos armazéns no Nordeste brasileiro. Milhares e milhares de pessoas passam fome nas pequenas cidades assoladas pela seca e há semanas as prefeituras locais não correm atrás de retirar os alimentos por motivos diversos: burocráticos, políticos, institucionais e outras tantas besteiragens. O governo federal também não toma qualquer iniciativa — e a população continua à mingua, com alimentos deteriorando-se há alguns quilômetros de distância.

08. Não há o que discutir nesta e em tantas outras questões. Temos que resolvê-las no menor prazo de tempo possível. Não dá para esperar uma assinatura, o carimbo do tabelião, o documento de Brasília, o conchavo político, a boa-vontade de uns e outros. Passam por esse filtro temas que não podem mais esperar como miséria, violência urbana, saúde pública, educação, emprego e salário digno.

09. Talvez seja oportuno lembrar mais uma vez a história de Maomé e da montanha. Quando o profeta não foi à montanha aparar suas arestas — que evitariam a erosão –, a própria montanha chegou-se a Maomé, só que em forma de avalanche, detonando tudo que estava ao redor.