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Um homem chamado Maria

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Antônio Maria, Edith Piaf e Dorival Caymmi – Acervo: Portal do Luís Nassif 

O sempre-vereador Almir Guimarães, de posse de suas atribuições como amigo pessoal e generoso leitor e (acreditem!) divulgador das amenidades que escrevo, pede que eu registre aqui mais algumas linhas sobre o pernambucano Antônio Maria, pois, se outras não fossem as virtudes do saudoso Maria – cronista, poeta, compositor, radialista e boêmio -, bastaria o fato de ser primo do Alfredo Rangel (Alfredinho, para os chegados) para merecer um espaço mais alentado em nosso humilde Blog.

Tem toda a razão o vereador.

Tentei reverenciá-lo no Dia do Jornalista por sua obra e também pelo centenário de seu nascimento.

Mas, reconheço, foi muito breve a homenagem.

Sou um admirador dos textos de Maria – – quase discípulo, visto que me faltam os devidos dom e talento –

A propósito, há um livro primoroso que retrata o perfil de quem foi o estimado primo do Alfredinho. Chama-se “Um homem chamado Maria”, de autoria do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos. Editora Objetiva/2005.

Aos sensíveis e sonhadores (ainda existem por aí?), recomendo a leitura.

Valho-me de trechos da apresentação da obra para aguçar a curiosidade de quem me lê – e também atender à solicitação do sempre-vereador:

“Sua passagem por este mundo foi rápida – mas intensa, cintilante e romântica. Antônio Maria nos legou crônicas deliciosas, hoje inscritas no melhor da literatura brasileira. Compositor, fez lindas músicas que ajudou a criar o que conhecemos como samba-canção. Viveu, como o seu grande amigo Vinicius de Moraes, em estado de poesia, o tempo todo voltado para a paixão pelas mulheres

Alguns dizem que ele morreu por amor. Pode ser.

Antônio Maria era um grande sedutor. Mulato, gordo, tratou de desenvolver habilidosa malícia com as palavras – ‘preciso de duas horas de papo para que as mulheres se esqueçam da minha cara’.

E foi assim que encantou a todas no Rio glamoroso dos anos 50, um elenco de belas mulheres, como Danuza Leão – que deixou o marido Samuel Wainer, dono da Última Hora, para ficar com Maria, um simples cronista daquele jornal.

Maria escrevia de forma doce arrebatada como circulava pelas noites de Copacabana.

Ninguém me Ama é apenas uma das músicas famosas em que exacerbou o romantismo e o despudor. Até hoje não se sabe se foi ele que ajudou a criar um jeito samba-canção de viver ou se foram aqueles anos, melancólicos e dourados, que inventaram um homem chamado Maria.”

Outro notável jornalista, Sergio Augusto, resenhou o livro em O Globo – e escreveu:

“No melhor dos mundos, Antônio Maria, o menino grande, ainda estaria vivo, fazendo aquilo que nenhum de seus contemporâneos sabia fazer de melhor: inebriar de charme uma conversa”.

Permitam-me concluir com uma breve passagem que o jornalista Ruy Castro registrou no belíssimo livro A Noite do Meu Bem (Companhia das Letras/2015):

“ … De volta ao Rio, vindo de São Paulo, Maria encontrou por acaso com Carlos Heitor Cony.

Este era então o jornalista mais discutido do país, por desafiar abertamente os militares recém-instalados no poder, em sua coluna no Correio da Manhã.

Ao vê-lo, Maria foi logo dizendo:

– Cony, estive passando uns dias em São Paulo. Uma paulista me viu, pensou que eu fosse você e me levou para a casa dela. Fomos para a cama.

– É mesmo? E como foi?, perguntou Cony.

– Você brochou!

Abraço saudoso e fraterno aos amigos Almir Guimarães e Alfredinho. 

Sigamos na fé…

 

 

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